The little things.: 2019

ame-se

Mochila guardada dentro do porta malas e mais umas roupas jogadas. Sapatos empacotados em sacolas. Tudo jogado. Documentos esquecidos e alguns perdidos. Mais uma vez, estou indo. Novamente, mais um fim. Novamente, mais um... Tudo cabendo em uma mochila, três sacolas retornáveis, uma bolsa e mais alguns pertences. Minha jornada cabendo num carrinho pequeno de mercado. Tudo cabendo em apegos, medos e derrotas. Fome.
Há anos fazendo disso uma vida cigana. Uma vida cheia de instabilidade e procuras sem fundamento, sem amor. Procurando sempre ver por aparências, vendo pelos ideais e intelecto... Tentando entender por raciocínio, por palavras tão cheias de teor relevante mas tão vazias na prática das atitudes. Usando utensílios, pessoas e meios do externo. E por mais que ainda buscasse dentro, nunca era o suficiente acreditar só em mim.
Perdi mais do que peças de roupas, documentos, dinheiro e coisas materiais. Perdi o instinto de confiar naquilo que sempre gritou em mim. Eu sempre soube. Sempre via. Mas a gente se prende em fragilidades. Em conteúdo barato e em formas falsas de sentir. Cria-se sempre uma desculpa para fugir... Para não ver... Para não sentir.

Desde que comecei a me buscar, fugi de mim. Fui contraditória. As vezes me enganava achando que já sabia de tudo ao meu respeito e que não precisava mais me olhar por dentro. Suprimindo a necessidade com qualquer coisa efêmera e sem real sentido. Buscando coisas, sempre satisfazendo a vontade alheia, sempre enganando meu ser. Nunca ouvindo aquela voz. Desrespeitando eu mesma! Causando transtorno, ansiedade, depressão. Apegada a velhos conceitos.
Se a gente realmente entendesse o quanto dói não seguir o nosso Eu. O quanto machuca e o quanto distrai viver por outrem a não ser por você.
Queria voltar a ter uma vida que nunca me preencheu, mas que era confortável. Que era supostamente estável. Queria voltar a sentir amor por uma pessoa e doar o meu alimento vital para outros, porque só para mim, não bastava. Queria ter milhões e uma vida financeira abundante, pois achava que era aquilo que continuaria a me dar prazer e esquecer a verdade crua da minha alma... que eu queria continuar não me amando! Que eu queria voltar a ser o que era, porque se amar sob todas as circunstancias eu não sabia fazer. É trabalhoso! Se aceitar, se abraçar, se aprovar, ser suficiente sempre.
Quando tive momentos disso, me enfiei no abismo do medo e voltei com as coisas empacotadas. Esse novo sentimento me dava medo. Esse amor por si era tão grande, tão maravilhoso que eu preferi me atazanar novamente porque tive medo de confiar. Porque é foda! A gente sabe que quando nos amamos, nada no mundo pode nos parar. Absolutamente nada. E talvez, no fundo eu não quisesse parar. Mas mergulhar no seu ser requer coragem. Requer uma confiança absoluta em si mesmo. Parecia até arrogante, egoísta... mas se amar, não é nada disso! É muito maior.
Tenho essa voz dentro que suplica, implora por amor. Mas pelo meu amor! Grita por mim. Porque no fundo, é só a gente que sabe o que é melhor para nós mesmos. E eu sempre soube... mas por medo de saber demais, eu fugi. Me enterrei em um lugar que não fazia minhas asas baterem. Eu gosto de voar, e gosto de ter onde voltar. E eu sei que eu sou a minha melhor amiga, a minha conselheira, a minha mentora, minha companheira. Eu quero voltar para mim... E nunca mais me perder!
Tudo passa e isso também vai passar. Eu sei que mereço amor. Eu sei que mereço os melhores sonhos desse mundo. E agora é isso que vou me dar. Não aceitar condições para ter. Pois sabe, até nisso tudo, eu aprendi que a liberdade e o amor são leves. São coisas que não pesam.

Aceitar esse amor todo, que quis doar para outras pessoas e outras coisas, será apenas destinado para mim agora. Acolher esse lado machucado. Esse lado que foi ferido por sermos o que somos... livres. Sentir toda a imensidão desse amor... por cada pedacinho... por cada história... por cada erro e acerto... por cada sonho realizado... por mim.

Volto com as malas, mas volto com elas vazias de tralhas alheias e mais cheia de mim!

3 Comments

a dor e a delícia de ser o que é

Conversas com o Eu

By Thai - 15:22

A importância do autocuidado teria que ser ensinada nas escolas. Ou melhor, desde a maternidade, rs. Seria praticamente inapropriado falarmos de qualquer coisa, se não tivéssemos o mínimo de condições para falar com nós mesmos. E por que é tão difícil, depois de "veios", conseguir a famosa meditação? Pois, isto nunca foi ensinado para nós de forma lúcida, fácil e prática. Na verdade, é isso o que é.
Quando estamos conectados com as nossas verdadeiras vontades vindas do Eu, muita coisa surge de novidade, principalmente a fidelidade sua consigo mesmo.
Quantas vezes já fez promessas que sabia que não poderia cumprir? Quantas vezes deixou sua saúde de lado para conseguir o nosso ganha pão? Por quantas vezes guardou sentimentos ou opiniões para não causar uma discórdia desnecessária?
O erro nisso, se percebem, é a falta de RESPEITO por si mesmo. Oras, falamos tanto disso dentro de casa, nas ruas, com nossos amigos... então qual a grande dificuldade de respeitarmos nosso corpo, alma e espírito? Será que devemos propagar a geração dos que não se conhecem?

É difícil se enfrentar. Isso é como uma tormenta, rs. Mas a partir do momento que você se dá o que dá aos outros, tudo flui mais facilmente. Se dando amor, você se cuida. Se dando perdão, você tem mais compreensão com os outros. Se dando não julgamento, você respeita toda forma de vida. Aprende coisas tão singelas, que tudo é tão natural que deveria estar no nosso DNA!

E por que fugimos tanto de nós? O que aprendemos e mantemos nessas crenças que não nos possibilita de vermos nós mesmos como somos realmente? Podemos ser medrosos, e tá tudo bem. Podemos ser raivosos, e tá tudo bem. Podemos ser infelizes, e tá tudo bem. O saber destes sentimentos, já nos capacita para abraça-los e aprender a viver em equilíbrio com todos eles. Não é virar um santo monge, aka um DEUS, mas sim reconhecer estes sentimentos e trabalhar eles da melhor maneira possível.

Eu sofro com ansiedade desde sempre. Sempre tive excesso de futuro. Sempre quis mais do momento presente. Depois que entendi como trabalhar isso de maneira útil, comigo mesma, entendi como lidar com a ansiedade sem me matar de remédios, ou sofrendo por algo que nem merece tanto a minha atenção. Comecei a trabalhar a confiança, a fé... a velha história da colheita. Se sei que estou plantando boas sementes neste presente, automaticamente sei que irei colher bons frutos. É assim que funciona. Se saber disso acaba com a ansiedade? Não, mas saber confiar em si mesmo é o primeiro passo.

Tenho também um lado controlador do perfeccionismo. Se não for do meu jeito, exatamente do meu jeito eu saio fora. Isso é deveras LIMITANTE ATÉ DEMAIS. Que tipo de pessoa não consegue lidar com imprevistos na vida? Isso é mais do que normal. Teremos eles pro resto da vida. Expectativas estão a nos ensinar que muito da nossa mente, vem só para nos maltratar. E devemos SIM, manter o exercícios diários de meditação para limpar esses pensamentos viciados em autosabotagem, rs.

Entender que as coisas podem sair do rumo, podem dar errado é tentar ver a vida com mais leveza. Esperar e entender que o melhor SEMPRE vem. E por mais que a nossa mente insista nos velhos paradigmas, é preciso ver além da situação não "esperada". Ver que em cada desafio é uma chance a te descobrir, criar, renovar, inspirar a fazer novos meios, novas soluções, novos caminhos... e por ai vai. Se é fácil? Não, não é fácil não criar expectativas, mas é lindo quando o universo nos presenteia com algo além da nossa imaginação. Você vive isso tão intensamente que só sabe ser grato, e chorar muito de felicidade rsrs. Que alegria ser surpreendido com as surpresas da vida! Como uma borboleta que pousa no seu corpo, hehehe

Sabemos que essas conexões com o Eu nos trazem sabedoria. Consciência! Um equilíbrio para essa jornada louca que é a vida. E tudo cabendo com alegrias, sorrisos, felicidade, amor, saúde, paz, e uma dose de adrenalina nisto tudo hehehe Apenas permita sentir a sua essência e saiba no seu íntimo que cada pedacinho vivo neste mundo, brilha. Todos! Sem exceção. Cada pessoa, cada gesto, cada palavra bondosa, cada perdão dado, cada abraço apertado. Cada situação desagradável, cada momento difícil... Tudo. Cada um/coisa oferece um pedacinho da sua luz. Nos ensina a caminhar com paz! E olhar isso tudo, como todas as peças do quebra cabeça se encaixando, se unindo e se levantando.

Se pode ser tudo mais leve? Lógico que pode. Basta vermos todas as vivências deste mundo, com perspectivas diferentes. Uma oportunidade de honrarmos a nossa vida a cada dia com muita sabedoria, equilíbrio, compreensão, alegria, muita alegria e com certeza AMOR!!

Somos humanos e somos fodas (no sentido positivo da palavra kkk)