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A combustão do não-ser

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  Tenho estado em ebulição, uma urgência latejante com a vida. Sem rimas, sem lirismo. A parte que me coube foi suportar o insuportável, porque talvez a anestesia da calma seja um tédio ainda maior. E se algo me fosse cobrado, pagaria noutra existência—devedora de normas, refém de condutas. Cansei de ser escolhida pelos olhos alheios, de ser medida, validada, selada como pertencente. Mas a que preço? Um eco eterno dentro de mim. Olhei para a lua rubra e ela fervia como meu sangue. Então ardi, incendiei-me como o próprio sol. Dissociei. Rasguei os protocolos da conduta. Não quero mais caber. Não quero mais moldar, superar, ajustar-me ao encaixe ilusório de uma melhora perpétua. Abandonei os dogmas modernos da existência e encontrei apenas cacos—tão distantes da projeção que fazem de mim. Despedaçada, incômoda, intragável. Uma dissidência ambulante, mal-amada por princípio. Talvez o amor seja só uma miragem, e aceito esse incêndio interno porque prefiro a combustão à enfermidade. A d...