Alma em suplício


Não há nada pior que o vazio. Não há nada pior do que se enxergar e ver nada. Ver alguém incompleto, cheio de buracos e com um completo sentimento de vazio. Não há nada pior para alguém como eu que sempre senti mais do que deveria. Que sempre esperei mais do que devia. Não há nada pior do que não ter nada e fingir um semblante. Engolir os suspiros de tristeza e não ter mais brilho no olhar. Não há nada pior!
Hoje o que eu vejo é um traço reto. Uma linha que tem uma marca para acabar. Um caminho destroçado por mágoas. Ter demais é ter um dia nada. E o demais veio, assim como o nada. Nada mais me comove ou me deixa consistente. O que me constrói é a certeza que tudo pode ser nada e que a vida é assim. E sempre será.
Se as viagens, os amores, os objetivos me completassem o tempo suficiente para não ter mais crises. Não ter o desespero do aperto. Não ter a angústia do medo. E as vezes nem o medo me faz mais presente. Apenas que isso não vire rotina, como virou aquele dia. O dia que pensei que o mundo poderia acabar e mais nada me continha aqui. A vida da dessas as vezes.
Voltar as velhas crises de puro pânico por não sentir mais nada. Nem um momento de riso e memórias completa. E o vazio nem eu mesma sei explicar. Apenas sei que ele existe e está tomando a conta dentro de mim. Supera minhas expectativas, meus sonhos, meus ideais. Entra num campo de paranoias e lágrimas sem fim. Porque eu não quero mais apenas viver assim... em busca...
A busca por nada. A busca por algo que dentro de mim se foi. Eu tento buscar a estabilidade com as minhas escolhas e meus defeitos. Tento estar ciente que todos têm essas guerras interiores. Que tudo isso acontece mesmo. Só que buscar o auto conhecimento e ver que por dentro, bem no fundo do meu ser, eu sou apenas um ser quebrado. Cada dor ainda não foi curada. As coisas erradas fizeram questão de arrancar a cicatriz. Mas não é como um passado que me assombra e sim o presente que me diz que eu estou falida. Falida de sentimentos, de desejos, de fome, de carinho. Cansada da luta e da busca. Ver que dentro de mim existe alguém complexo demais para ser entendido. Fechado demais para abrir os mais obscuros cantos.
As alternativas vem sendo cada vez mais extremas. Pois a capacidade de encontrar algo melhor, também não se presencia. Saber que por fim, a vida jamais foi mais sincera e generosa comigo. E mesmo assim, me deparo com o nada. Nada que me fantasia está no seu devido lugar. E o que eu quero? Dormir. Dormir até viver num mundo de sonhos e cheio de sentimentos. O real não me condiz mais... o meu interno se fecha para tudo e todos. A paranoia é amiga, é fiel. E o vazio o assombro da minha alma.

Waiting - City and Colour

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