Capítulo 23: A descida ao paraíso distorcido com fritas
A noite era mais escura do que o normal, ou talvez fosse eu que estava começando a enxergar a vida assim — uma mistura de sombras e silêncios que se entrelaçavam, sem deixar muito espaço para a luz. Estava exausta, cansada de tudo. O trabalho, a família, os relacionamentos que se esfarelavam, como com o Judas (porque não havia nome mais apropriado para aquele traidor). Meus olhos se fixaram no copo à minha frente, um convite para o abismo, e eu aceitei. Enchi meu corpo com tudo o que pudesse entorpecer os pensamentos: papel, majis, álcool, cigarro. Era como se eu quisesse apagar não só a dor, mas qualquer vestígio de mim mesma. O reggae soava distante, como se estivesse tocando para outra pessoa, em outro lugar. Eu comi muito pouco naquele dia, o que fez com que a mistura ficasse ainda mais potente, mais rápida. Meu corpo começou a ceder, e antes que eu pudesse perceber, fui ao banheiro do bar, tropeçando nas sombras que se formavam em minha mente. Agarrei a privada como se fosse min