A travessia do sentir
A vida, tantas vezes, me atropela com acúmulos — de lutos, de pausas forçadas, de finais que não pedi. E mesmo quando o tempo insiste em seguir, há emoções que esticam seus tentáculos até a pele da alma, e a tocam com uma intensidade que nunca soube manejar. Senti demais. E no excesso, me afundei na apatia — como quem deseja, secretamente, sentir um pouco menos para, enfim, sobreviver. Pedi aos céus um descanso da minha própria sensibilidade. Umas férias da alma. Um exílio voluntário do que sou. Ali, onde me refugiei, encontrei um espelho: um reflexo de todas as incongruências que carreguei ao longo da vida. A menina rebelde, que gritava por controle, agora silencia diante da mulher que entende o valor do desapego. Ele foi o último vendaval. Um amor turvo, entre o apego e a destruição. Ele me feriu em lugares onde ninguém havia chegado — sem filtros, sem freios, sem cuidado. Um homem que, talvez, nunca tenha aprendido a amar uma mulher… ocupado demais tentando sobreviver à sombra da ...