O INVISÍVEL VISTO
Sempre fui atravessada por sonhos lúcidos demais para serem apenas delírios noturnos. Eram visões densas, carregadas, que tocavam minha pele etérea e reverberavam por cada célula do meu existir. Eu os sentia com a carne e com o espírito. As vozes... traziam timbres ancestrais, vibravam como cordas de um outro tempo, e diziam verdades que a mente acordada não ousava traduzir.
Ali, naquele sobrado esquecido de escuridões e memórias, eu reconhecia o cenário de minhas outras fugas noturnas. Dona Rosa não podia me abandonar — ela, minha guardiã de outrora, meu farol nos becos da inconsciência. Mas ele... ele me esperava. Ele queria me ver definhar. Machucar. Queria calar esse meu brilho que acendia sua sombra. Meu dom de sentir revelava-lhe tormentos. E talvez... também sonhos.
Foi ali que o despertar se deu: paralisada entre mundos, acordada por dentro e presa por fora. Eu sabia... não era pesadelo — era travessia. E do outro lado, aquele ser me via sem máscaras, sem nome, sem carne. Via minha essência, nua, frágil e imensa. Seu desejo? Que eu caísse. Que eu desistisse. Que eu me negasse.
Mas minha alma, mesmo dilacerada, sabia: isso era só um recorte de uma realidade mais funda, onde o espiritual não reluz como nas preces suaves, mas se ergue em escombros, em gritos, em verdades sem maquiagem. Lá, entendemos que o mundo — e nós — estamos doentes. Alimentamos nossos próprios predadores com o que negamos em nós.
A ansiedade... esse demônio e anjo, precisava sobreviver em mim. Não para me destruir, mas para me moldar. Talhar com sua lâmina de urgência o contorno de um novo caminho. Sem ela, talvez eu não atravessasse.
Mas de quem, afinal, preciso me proteger? De mim? Do invisível que se esconde por trás do visível? Ou daqueles que dizem amor, mas amam com os olhos fechados?
O despertar me empurrou para um embate cru com a mentira vestida de afeto. E a dualidade de quem me dizia amor, mas exalava ausência, me revelou o quão pequenos ainda somos diante do que chamamos de universo.
Sim, eu vi o invisível. E desejei nunca mais ver. Mas porque doía. Eu só queria me mover. Fugir. Me descolar desse sonho desperto em que agora habito. Nesse segundo suspenso onde o tempo não escorre. Onde o agora me engole e o futuro não ousa existir
Ali, naquele sobrado esquecido de escuridões e memórias, eu reconhecia o cenário de minhas outras fugas noturnas. Dona Rosa não podia me abandonar — ela, minha guardiã de outrora, meu farol nos becos da inconsciência. Mas ele... ele me esperava. Ele queria me ver definhar. Machucar. Queria calar esse meu brilho que acendia sua sombra. Meu dom de sentir revelava-lhe tormentos. E talvez... também sonhos.
Foi ali que o despertar se deu: paralisada entre mundos, acordada por dentro e presa por fora. Eu sabia... não era pesadelo — era travessia. E do outro lado, aquele ser me via sem máscaras, sem nome, sem carne. Via minha essência, nua, frágil e imensa. Seu desejo? Que eu caísse. Que eu desistisse. Que eu me negasse.
Mas minha alma, mesmo dilacerada, sabia: isso era só um recorte de uma realidade mais funda, onde o espiritual não reluz como nas preces suaves, mas se ergue em escombros, em gritos, em verdades sem maquiagem. Lá, entendemos que o mundo — e nós — estamos doentes. Alimentamos nossos próprios predadores com o que negamos em nós.
A ansiedade... esse demônio e anjo, precisava sobreviver em mim. Não para me destruir, mas para me moldar. Talhar com sua lâmina de urgência o contorno de um novo caminho. Sem ela, talvez eu não atravessasse.
Mas de quem, afinal, preciso me proteger? De mim? Do invisível que se esconde por trás do visível? Ou daqueles que dizem amor, mas amam com os olhos fechados?
O despertar me empurrou para um embate cru com a mentira vestida de afeto. E a dualidade de quem me dizia amor, mas exalava ausência, me revelou o quão pequenos ainda somos diante do que chamamos de universo.
Sim, eu vi o invisível. E desejei nunca mais ver. Mas porque doía. Eu só queria me mover. Fugir. Me descolar desse sonho desperto em que agora habito. Nesse segundo suspenso onde o tempo não escorre. Onde o agora me engole e o futuro não ousa existir
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