A gente fica aqui tentando sentir algo para poder viver, e não apenas passar pela vida em branco com marcas que nunca existiram. Parece que nunca é o bastante. Nunca passa de um raso sentimento de próspera esperança de sentir e de amar. Chega a ser sufocante este fundo que me enfiei. Mergulhada em diversas expectativas, mas elas não podem ultrapassar a vontade. Elas não podem me ultrapassar na razão, que é rasa e que não preenche. Eis a fase do equilíbrio. 
Viver custa caro! Viver e mergulhar me tira o ar porque foi assim que decidi viver. Porque não sentir é como não viver. Você não consegue dimensionar fora deste peito que bate apertado na ânsia de não parar. Mas ficamos aqui, meros acasos fechados em cercos racionais totalmente fora de padrões porque foi assim que deveria ser... ou não. Tanto faz. Se 'não sentir' é padrão ou não, para mim nunca foi normal não viver. Não ter diversas sensações e intuições gritando ao meu ouvido e mente.
E por que não sentir? Porque dá trabalho, toma tempo, faz a gente perceber que somos responsáveis por tudo que sentimentos e emitimos (já falei sobre isso tantas vezes). Parece que o disco volta a tocar para entender que não adianta a gente pedir amor pra ninguém, seja ele quem for. A gente sente que esse amor vem de volta de forma genuína e quando não vem, a gente sente também.
Sentir tudo me faz querer sumir algumas vezes. Me faz ver a vida de uma forma encolhida, sabendo que eu não deveria me diminuir. Porque sim, eu sinto tudo, sinto os odores, sinto as mágoas, sinto as penas, sinto o desamor, sinto as alegrias, a desconfiança, as risadas e sinto muito muito mais o amor. E ele quando é sentido, em sua grande teoria, não deveria ser questionado. "Ahhhh, mas cada um ama da sua maneira"... e mesmo que eu não consiga entender, eu sinto que amar é um preço caro para quem tem coragem de realmente sentir.
Passa despercebido a vida de quem não sente e principalmente de quem não ama. Porque amar "custa" caro, amar leva tempo, gera atenção, dedicação, foco, porém os tempos líquidos transformam todo concreto em mero click. Transformaram o amor em curtidas no instagram, em fotos compartilhadas... mas não em uma conversa íntima e INTEGRA! Transformaram o amor em coisa passageira, para se tornar mais fácil suas desculpas e condutas de uma eterna dúvida. Não que a dúvida seja errada, mas ninguém suporta viver fora do seu controle mental. Porque realmente, amar não da pra controlar, não da pra definir e isso tudo perturba demais. Logo, isso se torna completamente passivo de desistência porque é mais fácil sair, ir embora...
Obviamente, que nós não precisamos passar por situações horríveis para entender o amor. Ou sofrer abusos porque dizem que amam... Obviamente, que a coragem que falo é enxergar além da pele. Além dos ossos... ver a alma. Admirar e observar que apesar de todos os seus sentimentos, o amor não é um mero acaso. Não passa por uma fila de aprovação ou avaliação. Não existe prazo de experiência!
Mas parece que sentir demais se tornou um fardo que quase ninguém quer carregar. Porque sim, muitas vezes pesa demais. Traz dúvidas e decepções. Traz angústias. Porque viver o sentimento, nem sempre é só flores e paz. A gente quando ama aprende a se ver e ver o outro. Aprende mais sobre si do que sobre o outro. E nem todos querem, porque sim, muitas vezes vai doer.
Porém, em outros momentos, vai transbordar. Vai dar sentido, vai dar esperança, vai dar para viver a vida com sentimento. SENTIR é um ato de viver. Viver sem amar não faz sentido. E por mais que dentro dessas transformações que o amor nos leva, ainda escolhemos amar.
Porque quando amamos sabemos o real sentido dentro de nós mesmos e paramos de achar o raso aceitável, para mergulhar nas ondas fortes e transformadoras do amor. Mergulhe!