No casulo das emoções
Estou neste casulo minúsculo. Presa a uma fantasia milagrosa, num espaço oco, pequeno e superficial.
Tão fino quanto uma folha de papel. Meu movimento não é sagaz, nem disruptivo... é mais do mesmo. É uma repetição de conjuntos infelizes e sem significado algum.
E o que sempre me matou foi não ter sentido ou propósito. A realidade foi ver o que existia dentro de fato deste casulo. Nada mais que peças sem conjuntos, sem complemento.
Seria como um lego que não se encaixa em mais nenhuma parte. E eles tão jogados no chão, com suas disparidades que não grudam em nada. Não servem para nada além de ocuparem esse espaço pequeno e machucarem os pés.
Tão trucidante quanto pisar em cascas de ovos quebrados. Em vidros dilacerados pela raiva.
Me fragmentei em pequenos pedaços de nada. De nada me serve a ansia, de nada me serve o conhecimento, de nada me serve a máscara que usei. Tudo está no caos. Quebrado e disparado como um cristal sem recuperação.
A borbuleta saiu do casulo e morreu. Morreu em vários pedaços e não conseguiu nem alçar seu primeiro voo. Porque não tinha coragem de sair disso, não tinha mais forças para bater suas asas. O recolher, a larva foi má alimentada. Teve que se conduzir com o que tinha... e o que tinha era venenoso. Era sem esperança, era frágil demais para conter. E morreu. Não fez mais seu passeio breve. Não teve a chance de ver a vida de forma leve. Não teve mais espaço para se caber do vazio da sua insignificância.
E nos sonhos e anseios dessa larva, o que pairava era poder ter asas para voar livremente... na sua fantasia lúdica de viver. De voar...
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