Soltar
Desde de quando desvirtuamos? Desde quando perdemos a nossa própria humanidade? Com a gente mesmo, com os outros... Onde foi que aconteceu?
Quando fomos que vestimos essas máscaras de pessoas perfeitas e certas sobre tudo? Controladores, extremamente magoados com a vida. Com medo da vida... Com medo de nós mesmos. Quando foi que abandonamos nossa criança? Nosso lado mais sútil e gentil? Onde foi que criamos essas enormes cascas e feridas e deixamos elas lá sempre gritando e tomando a frente.
Desde quando são essas as nossas vidas? Pela dor? Pelo cansaço? Pelo medo?
Onde foi que perdemos a nós como seres únicos? Como a qualquer parte que tem valor. Que tem qualidade e amorosidade... Como uma criança... Que cresce vendo o mundo sem maldade e experimenta a vida. Descobre sabores, jeitos, costumes, texturas, gostos, formatos. Anda, cai, anda, cai, anda e cai mais uma vez. Continua fazendo até conseguir.
Quando foi que paramos de nos aceitar experimentos da vida? De crescimento, de desafio, de rotina, de calmaria e tempestade. Quando preferimos nos magoar ainda mais do que nos acolher?
Por que devemos segurar tanto trauma em nossa mente, em nosso físico e espírito? Quando foi que esquecemos que foi uma dor e que ela precisa ir. Precisa ir embora. Precisa virar cicatriz. Por mais que doa, por mais que você já esteja acostumado com a dor... Por mais que você tenha a resistência do desconhecer a vida sem ela. Por mais que você ache mais fácil continuar ai. Soltar essa dor é soltar você mesmo, é permitir novamente a sua criança brincar, experimentar e viver.
Se cair, vamos aprender. Vamos tentar novamente, vamos prosseguir até conseguir! Vamos tentar mais uma vez. Se a criança que nunca andou em sua vida, cai e cai, e por fim, aprende como andar... Qual seria a diferença para nós agora adultos? Por que não podemos cair também? Por que não podemos falhar? Por que devemos sempre sermos perfeitos e excelentes em tudo que fazemos?
Podemos errar, cair, falhar, continuar até acertar. Até ser fácil andar. Até que vire sua rotina. E os desafios? Eles vão continuar... E por que? Porque assim fica cada vez mais fácil caminhar.
Há busca ocorre de dentro para fora. A cuidar desse nosso "jeitinho" criança de ser e mergulhar nas suas aprendizagens sem medo de errar, sem medo de falhar. Continuar e continuar. Até parar e perceber, que a dor da primeira queda, nem se sente mais. Que a dor das inúmeras tentativas, nem foram registradas porque agora você anda. Você caminha!
A vida pode ser fácil, sabe? E vai continuar doendo muitas vezes, mas se não fossem pelas tamanhas feridas, jamais iriamos saber onde não pisar, a como nos equilibrar, a como parar. Pare e acolhe essas feridas e deixa-las ali. Não dentro de você, nem acima. Mas que serviu para te trazer boas caminhadas e quem sabe, um novo olhar!
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