Capítulo 55: Renascimento no Caos
No que me transformei? O que escolhi? Escolhi não ver, escolhi me esconder. Me esconder de mim mesma, fingir saber, fingir que não tinha condições suficientes. Me importar além do que deveria com coisas que não mereciam tanta atenção e ver a realidade dolorosa de uma criança gritando em pânico, de uma adolescente apavorada com o futuro, e de uma adulta cheia de certezas e soberba. Segurando tudo sozinha, porque algumas dores simplesmente não têm explicação. E, mesmo que eu, como escritora, pudesse sintetizar os movimentos da consciência, falar sobre os sentimentos sempre foi algo mais complexo. O grande Saturno retornou à minha vida agora. Sem dó, sem piedade. E me trouxe as consequências de todas as minhas ações: a falta de responsabilidade, de compromisso comigo mesma, a falta de sabedoria para lidar com a dor. Convivi tanto com ela que se tornou minha amiga, minha parceira. Encontrei um jeito fascinante de justificá-la, de torná-la a dominadora das minhas atitudes e ações. Dei a ela