Elementar Natural

A brisa me leva como um friso leve da existência.
O vento, impalpável e feroz, revela a potência do invisível.
Nas minhas tempestades – chuvas, trovões – me encaixo nas rachaduras da vida,
sou sopro e fúria, força ensurdecedora que impõe respeito.
Como Mainha, sou transformação, sou transmutação.
Oh, dona dos ventos, rainha dos raios, sigo teu rastro.

No mar, me acolho. Me dissolvo no oceano cósmico.
No princípio de tudo, no fluxo pulsante da química da criação.
Admiro sua cor, sua grandiosidade, sua transparência que engana, seu temperamento indomável.
Leveza, destreza, um movimento único, arrepiado pelo vento.
No mar, me deixo levar. No mar, me encontro no lar.

Na terra, encontro firmeza. Seu cheiro invade minha alma.
Ela cuida, nutre, se entrega sem reservas.
Me extasio em sua lama viva, que pulsa, renova, recria.
Diante dela, sou pequena, um bebê diante do grande ancestral.
As árvores crescem, silenciosas, mas cheias de sabedoria,
raízes profundas, braços erguidos, sempre servindo.
A mais antiga benfeitora do mundo: a Árvore.

No fogo, crio e destruo. Me aqueço, me transformo.
Na dança das salamandras, o riso ecoa – zombam do caos, pois sabem:
tudo são fases, movimentos.
O fogo me ergue, me impulsiona. Queima o que já não serve.
Me consumiu, mas também me renasceu.

Que privilégio é a vida natural. Que privilégio é sentir.
Agradeço, Mãe Terra, por me permitir carregar em mim o eco dos ancestrais.

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