A bobagem de amar
O que poderia ser mais idealista?
Cheia de sonhos de você — mexida até a sola do pé pela sua presença, pelo seu cheiro, pelo seu carisma.
Rodeada por um sonho platônico de retomada, de paixão, de amor à flor da pele.
Cercada pela sua sombra e pela sua luz, coberta por motivos que não têm razão.
Talvez esse seja meu pecado: não ter, de início, a sabedoria para lidar com o amor.
Mas o amor é assim — meio sem sentido — quando o olhamos além do nosso ego e das feridas magoadas do passado.
Será que eu poderia voltar a amar sem as marcas da alma?
Será que você poderia não vê-las como tudo o que sou?
Será que você conseguiria acolher essas dores que não são sobre você — são sobre o mundo, sobre a vida, sobre o fato de que as coisas, quase sempre, não são como queremos?
E eu queria tanto você.
Impregnado em mim, na sua perturbação completa, no seu olhar cansado de ver a vida — mas com o carinho de quem ainda acredita.
Acredita no bem, na fé, nesse sentimento tão sem sentido e, ainda assim, tão avassalador: o amar.
Talvez o amor venha vestido de peças bagunçadas — e cabe a nós arrumá-las.
Ou talvez seja justamente na bagunça que descobrimos o todo: essa vivência que transforma tudo em bobagem… e, quem sabe, em loucura.
Há quem tema parecer bobo por amar.
Mas eu?
Eu sempre me deixei fascinar por essa doce bobagem — a incrível e insana capacidade de sentir o amor.

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