A Castradora de Deus
Eu não tinha vontade alguma de me formar em catequese. Sempre achei as dinâmicas das aulas chatas, irritantes, e que não me ensinavam nada além do que eu já sabia indo à missa. Tinha 11 anos de idade, e a minha preocupação era, aos sábados, assistir a Dawson's Creek e aliviar o peso do dia a dia, que era uma puta chatice. Mas, para a minha família, não. Para eles, eu deveria ter uma religião, deveria me comportar e perder o ar de moça rebelde que eu sempre tive. Eu precisava ouvir a palavra do Senhor, muito bem-quista, bem comportada e calada, como sempre, porque eram nas minhas palavras não ditas que se escondia a verdade daquele ambiente tóxico em que eu vivia. A catequese era uma forma de domar meus instintos, de me controlar. De esconder a realidade e iludir as pessoas de que éramos uma família que acreditava em Deus, e por isso éramos abençoados. Enquanto meu pai estava desempregado há anos, minha mãe fazia boa parte de todo o trabalho sujo. Inclusive comigo! Ela sempre me re