Sufoco em lençóis de linho fino e largo

Sufoco em lençóis de linho fino e largo. Fui vendida pelo diamante do sangue. Arrastada por essa Matrix que suga até a última gota, até o último suspiro de quem ainda insiste na ilusão do temporário — e na urgência de não desfrutar, nessa ignorância tão incrivelmente vestida de verdade. Estar aqui, na Terra, é calçar uma calça apertada demais. É prender o ar no peito pra caber no molde. É estar enforcada por dentro, içada por ganchos invisíveis, mexida até a última dor de existir. Mas... que vida é essa? A vida que só vê o brilho do ouro nos dentes, e não enxerga o que realmente importa. Jogada, amarga, completamente só. Só eu posso resolver meu pequeno e humano dilema. Enquanto tantos sangram por falta de um olhar, de um toque, de um “eu te vejo”. Em montanhas, tento alcançar a Lua — um desejo quase real, quase ridículo. Porque a maior ilusão é o sonho da Terra. E eu sei que, em outros paralelos, eu voo. Encanto flores. As árvores conversam comigo. Os pássaros canta...